Entrevista com Wagner Almeida, fundador da Sala 57

Mordomo Dinâmico: O que é a Sala 57?

Wagner Almeida: No início do meu ministério conheci o pastor Manolo Damásio. Seu sogro, o pastor Moura, hoje aposentado, foi quem cunhou a expressão “Sala 57” vários anos atrás. O objetivo da sala era buscar o batismo diário do Espírito Santo nas primeiras horas do dia, entre 5 e 7 horas da manhã. A partir das minhas interações com o Pr. Damásio, aprofundei meus estudos pessoais sobre o Espírito Santo, passando a ser uma rotina diária dedicar as primeiras horas do dia à oração e ao estudo da Palavra.

Comecei então a perceber que algo estava faltando em meu ministério. Havia uma necessidade de me apoiar mais na oração e desenvolver uma vida prática no Espírito, não apenas teologicamente, mas vivendo um relacionamento íntimo com Ele. Percebi que não O ter como parceiro ativo era a causa de minhas fraquezas e decepções regulares.

MD: Por que das cinco às sete da manhã?

WA: Esse momento do dia é altamente favorável para o desenvolvimento de um relacionamento com Deus, pois há um risco menor de interrupções. Esse era o estilo de vida do próprio Mestre enquanto Ele viveu entre os homens. Eu experimentei pessoalmente a importância de dedicar as primeiras horas do dia para manter a vida espiritual ativa e forte

DS: Você pode explicar o início e o crescimento da Sala 57 como um movimento de oração?

WA: Além de colocar em prática as atividades da Sala 57 na minha vida pessoal, faz treze anos que venho incentivando os membros de todas as igrejas que pastoreei a desenvolverem o hábito de buscar a Deus ao amanhecer.

Durante a pandemia de COVID-19, após os dez dias de oração, alguns membros

continuaram a se reunir através do Zoom com o objetivo de estudar a Bíblia nas primeirtas

horas do dia. Fui convidado a coordenar essas reuniões, que tinham uma frequência regular de quinze famílias. Aceitei o convite e mudei toda a dinâmica do programa. Assim foi o início da Sala 57, como é conhecida hoje. Liderei o grupo para que experimentasse quatro conceitos que aprendi com a Bíblia e com o Espírito de Profecia:

1. Experimentar a comunhão com Deus destacando o papel do Espírito Santo

2. Demonstrar amor incondicional no relacionamento uns com os outros

3. Crescimento de comunidades eclesiásticas saudáveis

4. Recurso de testemunha

As reuniões da Sala 57 são transmitidas através de duas plataformas online: Zoom e YouTube. Acredito que o crescimento da Sala 57 é providencial. O plano inicial era fortalecer o distrito pastoral, mas o Espírito de Deus nos permitiu alcançar milhares de pessoas.

Nosso culto matinal foi disponibilizado para o meu distrito durante a pandemia e, por meio do compartilhamento dos links, ele alcançou mais pessoas no Brasil e em outros países. No início, eram 15 famílias, logo passou para 60, e hoje atinge um público muito maior. Recentemente no Zoom, durante o encontro ao vivo, tivemos mil acessos pelo celular ou computador. No YouTube, durante o pico da pandemia de COVID-19, tivemos 8.500 espectadores permanentes e, em rotação, cerca de 25.000 diariamente. Hoje, após a pandemia, atingimos 15 mil famílias na frequência rotativo, enquanto na frequência permanente, temos 6.000 todos os dias para as reuniões ao vivo no YouTube. Outro indicador de crescimento são os 25.000 espectadores que acessam nossos vídeos no YouTube posteriormente.

MD: O que acontece durante essas reuniões de oração?

WA: Nosso principal objetivo é receber o batismo diário do Espírito Santo. Seguimos um programa regular e simples, mas permanecemos flexíveis às necessidades dos nossos telespectadores e prontos para dar-lhes direção espiritual.

Aqui está a sequência de um programa típico da Sala 57:

1. Quebra-gelo, oração

2. Hino de abertura, com ênfase no Espírito Santo

3. Estudo da lição da Escola Sabatina (10 minutos)

4. Momentos de intercessão

5. Exibicao de vídeo que narra a visão do vale de ossos secos de Ezequiel 37. O objetivo é destacar o propósito do encontro, para não perdermos de vista

o nosso foco principal.

6. Leitura e meditação da Palavra

7. Partilha de experiências testemunhais

8. Oração final

9. Tempo de confraternização

MD: Como o movimento de oração impactou a vida daqueles que o frequentam?

Duas grandes mudanças são visíveis entre os participantes: há um aprofundamento e amadurecimento da vida cristã e um forte impulso missionário. Eles saem e pregam o evangelho. Frequentemente, ouvimos relatos de ex-adventistas sendo rebatizados, membros de outras denominações aceitando a fé adventista e aqueles que não estavam fundamentados na fé tomando decisões para o batismo. Muitos pastores testemunham que os membros de suas igrejas que participam da Sala 57 compreendem mais os ensinamentos bíblicos, têm um senso de missão aguçado e, consequentemente, são úteis no corpo de Cristo.

MD: Você observou algum impacto na fidelidade dos membros da igreja que tomaram a decisão de orar mais?

WA: Sem dúvida! Usamos um recurso que o YouTube oferece para sabermos mais sobre o aumento da fidelidade. Aqui estão os resultados apresentados nas quatro perguntas da pesquisa:

1. Você melhorou seu hábito pessoal de devoção fazendo parte do Quarto 57? (1.000 votos)

1. Sim: 71%

2. Já era um hábito: 19%

3. Não: 8%

2. Ao participar da Sala 57, você experimentou uma transformação em sua vida de oração? (1.200 votos)

1. Sim, mudou totalmente: 75%

2. Eu já estava orando intensamente: 18%

3. Nada mudou: 6%

3. Ao participar da Sala 57, sua disposição de se sacrificar por aqueles que ainda não conhecem Cristo mudou? (1.100 votos)

1. Sim, completamente: 77%

2. Já me sacrificava por aquelas pessoas: 17%

3. Nada mudou: 4%

4. Ao participar da Sala 57, sua fidelidade nos dízimos e ofertas mudou? (1.500 votos)

1. Eu já era fiel: 53%

2. Sim, completamente: 30%

3. Nada mudou: 15%

MD: Qual seria o seu conselho para pastores e líderes de igrejas que gostariam de começar

um movimento de oração em sua igreja ou distrito local?

WA: Com toda a modéstia, gostaria de falar sobre minha experiência e, se for útil para algum colega ou líder da igreja, louvado seja o Senhor.

Para iniciar um movimento de oração em uma igreja local, primeiro eu faria uma análise de minha vida de oração. Em Efésios 6:18, uma das peças da armadura de Deus é a oração no Espírito. Não se trata de orar mais, mas de orar no Espírito. A compreensão clara deste aspecto foi decisiva para o meu reavivamento pessoal. Houve uma melhora significativa na qualidade, no tempo, no propósito e nos resultados da minha vida devocional.

Se eu não conhecer o Espírito, a consequência será orar sem Sua poderosa intercessão. Tenho certeza absoluta de que a vida de oração de muitos é marcada pela ausência de significado, justamente por desconhecerem a necessidade de usar essa arma poderosa, a oração, somente no Espírito e não na força humana.

Outro passo claro seria ensinar aos membros que, na dispensação do Espírito, a oração é a arma para receber Sua unção. O poder só será concedido em abundância àqueles que buscarem com insistência o novo batismo do Espírito.

Meu conselho pode ser resumido nestas palavras: continuemos fazendo quase tudo o que estamos fazendo para levar nossa amada igreja a uma vida de oração e missão, mas agora reconhecendo a pessoa do Espírito como o agente responsável por tudo o que precisamos. Temos que levar nossos entes queridos não apenas a orar, mas a orar no Espírito; não apenas para andar, mas para andar no Espírito. Não precisamos de mais ideias, precisamos é de uma reorientação conceitual, orando e realizando no Espírito.

Sugiro a leitura de alguns livros sobre o tema, além da Bíblia e do Espírito de Profecia:.

Helmut Haubeil, Passos para o Reavivamento Pessoal: Cheios do Espírito Santo de.

Helmut Haubeil, Permanecer em Jesus: Como fazemos isso?

Masson, Melody, Ouse Pedir Mais: a audácia da Oração Humilde. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017.

Froom, Leroy Edwin, A Vinda do Consolador. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1999.


Wagner Almeida Teixeira

Wagner Almeida Teixeira atualmente pastoreia quatro igrejas em Valparaíso do Sul, Associação do Planalto Central, DF. Ele é o fundador do programa Sala 57.