O significado da unidade.

É o Meu Dinheiro ou o Nosso Dinheiro?

A degradação da relação matrimonial na nossa sociedade está a tornar-se cada vez mais alarmante. Estudos realizados para identificar a origem do fracasso do casamento têm demonstrado que as finanças são, frequentemente, um fator importante. Isto implica que as finanças sadias são importantes para o sucesso do casamento. É por isso que a comunicação sobre tudo o que se relaciona com dinheiro é essencial entre os cônjuges. A falta de cooperação nesta área pode levar a uma probabilidade mais elevada de fracasso no casamento.

Provérbios 24:3, 4 apresenta os princípios de comunicação que devem ser usados entre os cônjuges: “Com a sabedoria edifica-se a casa, e com a inteligência ela se firma; pelo conhecimento se encherão as câmaras de toda sorte de bens, preciosos e deleitáveis” (ARC).

Estes dois versos descrevem a progressão ideal que deve ter lugar na vida do casal. Esta progressão é descrita por estas três virtudes: sabedoria, inteligência e conhecimento.

Notamos aqui que esta progressão culmina com a promessa de “toda sorte de bens, preciosos e deleitáveis.” É feita aqui uma alusão direta à prosperidade, vida abundante e até à tranquilidade e estabilidade financeira.

O conselho do rei Salomão em Provérbios deve ser aplicado a todos os aspetos do relacionamento matrimonial. Contudo, é claro que as três virtudes que ele enfatiza são particularmente cruciais com relação à administração financeira. Cada virtude tem um papel específico, dos quais são extraídos os três princípios seguintes:

1. Edificar com sabedoria
2. Estabelecer com inteligência
3. Encher-se de riqueza pelo conhecimento

Edificar com Sabedoria
Tanto o esposo como a esposa levarão para o casamento a sua própria forma de gerenciar as finanças. Os desacordos sobre este aspeto irão acabar por causar algum tipo de tensão. É por isso que Salomão aconselha a agir sabiamente. É nesta fase que deve prevalecer o bom senso. Antes do casamento, podemos estar satisfeitos como a forma como administramos as nossas finanças pessoais. Mas isso não significa que o método utilizado antes seja o melhor a usar no casamento. Ambos os cônjuges devem analisar individualmente a forma como administram as suas finanças e o impacto que pensam que isto poderá ter na sua vida matrimonial. Idealmente, este exercício deve ser realizado antes do casamento, durante o namoro, quando devem ser feitas e respondidas as perguntas seguintes:

1. Estou pronto(a) a dizer que o que ganho não é mais o meu dinheiro mas o “nosso dinheiro”?
2. Estou pronto(a) a dizer que as dívidas do meu cônjuge irão ser também as minhas dívidas?
3. Estou pronto(a) a priorizar de forma diferente as minhas despesas com base nas necessidades do casal ao invés das minhas necessidades e/ou desejos individuais?

Uma resposta negativa apenas a uma destas perguntas pode resultar numa parceria financeira problemática no casamento. Cada cônjuge não deve apenas conhecer a sua posição pessoal com relação a este aspeto, mas deve também conhecer a do seu futuro cônjuge. É por isso que a boa comunicação e transparência financeira total entre o casal é essencial, não somente durante o casamento, mas principalmente antes deste.

Estabelecer com Inteligência
O verbo “estabelecer” destaca a noção de permanência e firmeza. É nesta fase que a necessidade de boa comunicação e transparência financeira total entre o casal se torna essencial. É isto que irá levar ao bom entendimento. Ambos devem falar abertamente sobre dinheiro e ser completamente transparentes e, ao mesmo tempo, ter uma mente aberta. É durante esta fase que o casal analisa os números e chega a um acordo com relação à administração financeira.

1º Passo: Transição de “meu dinheiro” para “nosso dinheiro”

Idealmente, todos os rendimentos devem ser colocados em um cesto comum. Isto é quando o casal fala sobre o “nosso dinheiro” e não o “meu dinheiro” ou o “seu dinheiro.”

Existem três cenários possíveis:


Qualquer que seja o cenário onde se encontra, deve ocorrer uma adaptação completa com relação ao fato de que a sua renda não é mais a que se encontra na coluna A ou na coluna B. Notem que em nenhum destes três cenários há uma redução da renda do indivíduo. Na maioria das vezes, ocorrerá um aumento, conforme indicado na Coluna C. A diferença é que, em vez de ser apenas uma pessoa a administrar o dinheiro, esta terá um(a) parceiro(a) para fazê-lo. Mas isto significa também que os dois serão responsáveis um perante o outro.

2º Passo: O pacificador
O passo seguinte é decidir como é que o dinheiro deve ser distribuído. É nesta fase que irá preparar o seu orçamento mensal.

Digamos que tem as caixas seguintes no seu orçamento (ver Mordomo Dinâmico, 2º Trimestre de 2019):
Para o casal, o orçamento terá agora um papel adicional que não tinha quando estes eram solteiros. O orçamento será o pacificador, desde que ambos os cônjuges:

1. Preparem o orçamento juntos;
2. Concordem totalmente sobre a forma como o dinheiro deve ser distribuído;
3. Se comprometam a cumprir rigorosamente o orçamento;
4. Concordem que qualquer mudança significativa deve ser feita por acordo mútuo;
5. Compreendam que o orçamento está sempre correto depois de concordarem acerca do mesmo.

Os casais que têm sido bem-sucedidos no seu casamento são os que aplicaram princípios relacionais que levam à harmonia financeira. Quando são estabelecidas diretrizes e limites, estes ajudam a manter o compromisso no casamento e boa comunicação. Irá facilitar a compreensão que ambos os cônjuges têm privilégios e responsabilidades iguais no que diz respeito ao controle financeiro.

Encher-se de Riqueza pelo Conhecimento
Deve haver sempre acordo mútuo nas decisões tomadas pelos casais. Todavia, os casais podem concordar tomar inadvertidamente decisões erradas ou, por vezes, até mesmo deliberadamente. O conhecimento é o fator chave que irá ajudar a evitar tais situações.

Deus, através do Seu profeta, disse que o Seu “povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento” (Ose. 4:6). Ele deseja que cada pessoa conheça a Sua Palavra porque, como diz o salmista, “lâmpada para os meus pés é a Tua palavra e luz para os meus caminhos.” (Sal. 119:105, ARC). A Palavra de Deus não deve ser negligenciada em qualquer aspeto da nossa vida; e isto também é verdade no que diz respeito à administração dos nossos recursos financeiros. A sujeição à Palavra de Deus demonstra confiança total nEle. É por isso que Deus diz em Malaquias 3:10 (ARC): “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento em minha casa; e provai-me nisto . . . se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.”

Deus promete tranquilidade financeira àqueles que O colocam em primeiro lugar (ver Mordomo Dinâmico, 3º Trimestre de 2019). Mas, muitas vezes, a concretização da promessa de Deus é dificultada pela falta de bons comportamentos financeiros, que podem ser o resultado de falta de conhecimento. Os casais que desejam ter um casamento bem-sucedido devem buscar conhecimentos financeiros, com o objetivo de se instruírem financeiramente, a fim de terem uma noção adequada das áreas seguintes:

a. Preparação e cumprimento de um orçamento e a importância de economizar (ver Mordomo Dinâmico, 1º e 2º Trimestre de 2019).
b. O uso correto de cartões de crédito e conhecimento das taxas de juro (ver Mordomo Dinâmico, 3º Trimestre de 2019).
c. Liquidação de dívidas.
d. Investimento e economia para a aposentadoria.

O conhecimento da Palavra de Deus e das Suas promessas deve motivar-nos a adquirirmos conhecimento sobre princípios financeiros, tanto antes como depois do casamento. Salomão não poderia ter sido mais claro quando disse que “pelo conhecimento se encherão as câmaras de toda sorte de bens, preciosos e deleitáveis.”