O sucesso de uma organização pode ser atribuído à eficácia de seus controles. Permitir essa eficácia é a cultura organizacional intencionalmente desenvolvida e nutrida pelos líderes que promovem uma apreciação e aplicação de controles organizacionais. Esses controles incluem políticas e procedimentos que são coletivamente referidos como controle interno e são necessários para assegurarem objetivos da produção de relatórios financeiros confiáveis, realização de operações de forma eficaz e eficiente e cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis1

O controle interno só é capaz de assegurar esses objetivos por causa das limitações que existem na concepção e implementação de um sistema de controle interno. As limitações incluem o problema dos custos versus benefícios, a possibilidade de conluio entre os funcionários e o potencial para gestão a fim de superar os mesmos controles que foram fundamentais na concepção. No entanto, essas limitações não são desculpas para uma organização não conceber e implementar um sistema adequado de controle interno, dada a sua dimensão e complexidade. Na verdade, Ellen White reforça a importância desse assunto ao afirmar: “Somos tão responsáveis por males que poderíamos haver reprimido, como se fôssemos nós mesmos culpados da ação”.2

As políticas financeiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia exigem que cada organização dentro da família de entidades tenha um sistema de controle interno que seja adequadamente concebido, documentado, implementado, comunicado, e que seja monitorado pelo mais alto nível de governança nessa organização.3 Com a gestão e a governança de uma organização colaborando para cumprir com o que as políticas financeiras exigem, será importante reconhecer que as crenças religiosas compartilhadas podem proporcionar um falso sentimento de conforto em relação ao controle interno. As organizações religiosas possuem maior risco de sofrer efeitos prejudiciais na concepção e operação de seu controle interno devido à propensão de estender a confiança dentro da organização em detrimento da supervisão. Dito de forma mais direta, a religião no local de trabalho pode criar o ambiente para o desenvolvimento de fraudes. 4

OS PRINCÍPIOS

Existem 17 princípios que orientam uma organização na concepção e implementação de um sistema de controle interno eficaz. Para que o controle interno seja eficiente, estes princípios devem estar presentes e em funcionamento em uma organização. A tabela a seguir resume os 17 princípios agrupados em função dos principais componentes do controle interno.5

O PROCESSO

Para facilitar o processo de concepção e implementação do controle interno, uma organização pode utilizar listas de controle para revelar as áreas de risco que precisam de um tratamento e desenvolver fluxogramas e diagramas para documentar uma resposta às áreas de risco identificadas. O Manual de Contabilidade Adventista do Sétimo Dia6 dedica um capítulo inteiro ao controle interno e fornece no apêndice listas de controle úteis para ajudar os conselhos de administração e governança em seu esforço colaborativo.

Embora o esforço em conceber um controle interno apropriado que seja adequado ao tamanho e complexidade de uma organização possa parecer assustador, o processo pode ser reduzido a uma sequência de três perguntas simples:

1. Qual é o objetivo?

2. Qual é o risco caso o objetivo não seja alcançado?

3. Qual é o controle necessário para mitigar esse risco?

A primeira questão prende-se com os três objetivos do controle interno: assegurar a elaboração de relatórios financeiros confiáveis, que as operações funcionem de forma eficaz e eficiente, e o cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis. A determinação do risco de que um ou todos estes objetivos não possam ser alcançados exige que os conselhos de administração e governança identifiquem e apliquem o controle mais adequado para atenuar esse risco. O menu de controles disponíveis à implementação inclui a separação adequada de funções, a autorização adequada das transações, documentos e registros adequados, controle físico sobre os ativos e registros, e verificações de desempenho independentes. Ao selecionar a separação de funções como o controle para mitigar riscos, deve-se lembrar que a mesma pessoa não deve ser capaz de iniciar a transação, autorizar a transação, registrar a transação, enquanto ao mesmo tempo, tem a custódia do ativo que está sendo usado para cumprir a transação.

Engajar-se no processo contínuo de garantir que o controle interno seja adequadamente concebido, documentado, implementado, comunicado e monitorado é uma atividade essencial para os conselhos de administração e governança que procuram ser mordomos fiéis dos recursos de Deus. Para ilustrar que o envolvimento neste processo pode ser menos assustador que talvez pareça, um exemplo de como aplicar a sequência de três perguntas é fornecido abaixo com o objetivo de assegurar relatórios financeiros confiáveis:

OLHANDO ALÉM

Até o momento nesta série de artigos, nós examinamos como as atitudes e ações dos mordomos líderes desempenham um papel essencial na promoção da mordomia organizacional, exploramos o importante papel da cultura organizacional na construção da moeda de confiança, e examinamos os princípios e processo de controle interno necessário para cada organização da igreja. No próximo artigo, os comitês de supervisão financeira serão abordados como outro aspecto dos controles organizacionais e o papel que desempenham na construção da confiança dentro e fora da organização. £

Paul H. Douglas, MBA, CPA, , serve como diretor do Serviço de Auditoria da Associação Geral (GCAS, sigla em inglês ) com sede em Silver Spring, Maryland. Para mais informações sobre GCAS, visite www.gcasconnect.org.

  1. ISA 265 promulgado pelo Conselho Internacional de Normas de Auditoria e Garantia (IAASB) em https://www.ifac.org/system/files/downloads/a015- 2010-iaasb-handbook-isa-265.pdf.
  2. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 312.
  3. General Conference Working Policy, S 04
  4. C. P. Koerber and C. P. Neck (2006), “Religion in the Workplace: Implications for Financial Fraud and Organizational Decision Making,” Journal of Management, Spirituality & Religion 3 (March 2015): pp. 305-318.
  5. Internal Control - Integrated Framework (2013), www.coso.org.
  6. O Manual de Contabilidade Adventista do Sétimo Dia está disponível para download em https:// www.gcasconnect.org/assets/files/manuals/ SDAAM_Jan_2011_Final.pdf.


Paul H. Douglas

Paul H. Douglas, MBA, CPA, , serve como diretor do Serviço de Auditoria da Associação Geral (GCAS, sigla em inglês ) com sede em Silver Spring, Maryland. Para mais informações sobre GCAS, visite www.gcasconnect.org

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