Embora um dia nós vamos morrer (a menos queJesus volte antes) todos os outros dias são oportunidades para vivermos verdadeiramente. Nós podemos morrer uma vez, mas todos os outros dias são dias para viver. Então, como nós vivemos? O que constitui uma vida cuidadosamente investida, ao contrário de uma vida gastada de forma imprudente?

Quando o assunto é dinheiro, nós reprovamos gastadores imprudentes. Muitos arruinaram suas próprias vidas e as de seus dependentes por meio de gastos imprudentes. Prazeres a curto prazo de gastos imprudentes pesam pouco em comparação ao sofrimento a longo prazo. Os resultados de gastos imprudentes têm uma carga pesada e arrasadora. O investimento cuidadoso para o próprio benefício é muito melhor. Todo mundo sabe disso. Mesmo assim, as pessoas continuam sendo gastadoras imprudentes até não terem mais nada para gastar.

Mas como nos saímos em questões mais importantes do que nosso dinheiro? Nós estamos gastando nossas vidas de forma imprudente, ou estamos investindo cuidadosamente dia após dia? Nós gastamos as nossas vidas de forma imprudente até que não tenhamos mais nada para gastar? Nós saímos perdendo na vida e perdemos a vida de forma prematura porque não estabelecemos as prioridades certas? Infelizmente, os mais frugais em questões financeiras ainda podem ser gastadores imprudentes da vida, com resultados mais devastadores do que finanças arruinadas. Uma vida arruinada, agora ou no futuro, é um preço alto a pagar por falhar em investir de forma apropriada na vida.

Então, como nós vivemos como investidores cuidadosos na vida? Onde nós devemos investir fielmente para colhermos os maiores ganhos para nós mesmo e para outros?

Quando o povo de Israel estava na fronteira da Terra Prometido, Moisés lhes fez um de seus últimos apelos: "Vejam que hoje ponho diante de vocês vida e prosperidade, ou morte e destruição. Pois hoje lhes ordeno que amem o Senhor, o seu Deus, andem nos seus caminhos e guardem os seus mandamentos, decretos e ordenanças; então vocês terão vida e aumentarão em número, e o Senhor, o seu Deus, os abençoará ... Agora escolham a vida, para que vocês e os seus filhos vivam, e para que vocês amem o Senhor, o seu Deus, ouçam a sua voz e se apeguem firmemente a ele Pois o Senhor é a sua vida" (Dt 30:15, 16, 19, 20, NVI).

O investimento cuidadoso e fiel na vida sempre será no Senhor e por meio do Senhor. Fazer Dele o centro da vida e permanecer em Seus princípios a vida toda é o investimento mais seguro que nós podemos fazer para termos "vida e vida em abundância" (João 10:10).

Seus princípios fundamentais para a vida podem ser traçados desde a origem da humanidade. No Éden, cujo nome é ligado às palavras do hebraico para "deleite" e "prazer", a intenção de Deus era que a vida fosse boa. Deus criou a vida e o mundo para serem abundantemente lindos, deliciosos e prazerosos. Desde o relato de Gênesis da origem da humanidade, nós podemos explicar princípios amplo, mas fundamentais para a vida.

Receber

A vida foi um presente para a humanidade. Depois de receberem o fôlego de vida da boca de Deus, Adão e Eva receberam um ao outro e o mundo. Então a noite caiu e o sábado começou. Adão e Eva receberam tudo: a vida, um ao outro, o mundo e então o descanso. A vida é receber o que Deus dá, e não há nada a desejar além do que Ele deu.

Infelizmente, desde então a humanidade se esforça para tomar o que ela não recebeu e confia nela mesma ao invés de depender de Deus. Adão e Eva receberam tudo, exceto o fruto da "árvore do conhecimento do bem e do mal" (Gn 2:17, NVI). Mas Eva desejou e comeu exatamente aquele, Adão compartilhou dele, e o mal e a morte foram o resultado. Sempre que o homem deseja e reivindica algo que Deus não deu, o mal e a morte são o resultado. Somente o que Deus deu é bom. Desta forma, nosso primeiro princípio de viver abundantemente é apreciar, se contentar com e

ser grato pelo que Deus deu.

 

Descansar

A vida para a humanidade começou com descanso. Depois de receber tão abundantemente, a noite caiu e o sábado começou. O sábado foi o último dia da semana de criação de Deus, mas o primeiro da vida do homem. Embora ele não tenha feito muita coisa e não estivesse cansado, ele foi convidado a descansar no que Deus havia feito. Nada pode ser adicionado ao que Deus fez. O que Ele fez é suficiente e bom.

Infelizmente, desde então a humanidade tem violado o princípio de vida repousante em corpo e espírito. Os humanos precisam de descanso espiritual, descanso semanal e descanso noturno. Se essas necessidades não forem honradas, eles gastarão suas vidas de forma imprudente. Deus nos deu o sábado e a noite. No ritmo circadiano do Éden, a noite precede o dia. O descanso precede o trabalho, tanto no campo espiritual quanto no campo físico. Portanto, o segundo princípio da vida abundante é investir em vida repousante em espírito e corpo.

Conectividade

Na história da criação, Deus afirmou várias vezes que tudo o que Ele criou era bom. Mas mesmo antes do pecado acontecer, Ele apontou uma coisa que não era boa: "'Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda'" (Gn 2:18, NVI). Adão entrou na vida e no encantador Jardim do Éden e entrou em comunhão face a face com o Deus Criador. Mesmo assim, isso não era suficiente. Não era perfeito, não era suficiente, não era bom o bastante. Deus colocou no coração do homem um desejo por algo mais: o desejo por parceria com alguém que fosse igual.

Infelizmente, desde então a humanidade tende a se tornar materialista demais ou religiosa demais para a negação de seus companheiros humanos. Sustentar ambos é egoísmo. Assim como homens e mulheres não podem viver vidas plenas sem o relacionamento amoroso íntimo com o Criador acima deles, eles também não podem viver vidas plenas sem o relacionamento amoroso íntimo com a criatura ao lado deles. Nós somos criados para parceria com outros como nós; no casamento, na família, nas amizades e em comunidades maiores. Portanto, nosso segundo princípio para viver abundantemente é a conexão harmoniosa com o Criador acima de nós, as criaturas ao nosso lado e a criação abaixo de nós.

 

Atividade

Na criação, os humanos foram definidos como reflexos de Deus, porque eles governavam sobre a criação à imagem do Criador. Embora eles nunca pudessem adicionar algo à criação de Deus, eles deveriam "cuidar dela e cultivá-la" (Gn 2:15, NVI). Por meio dessa atividade, eles mesmos seriam abençoados e ficariam saudáveis.

Infelizmente, desde então os humanos têm explorado e abusado da criação ao invés de cuidar dela. No lugar de serem os guardiões da criação, eles se tornaram seu maior adversário. Por causa do distanciamento da criação, de cuidar e cultivá-la, a própria humanidade está sofrendo.

A inatividade física é uma das principais causas de doenças de estilo de vida, e a falta de propósito e significado no trabalho é predominante. Isso não é o que Deus quis para os criados à Sua imagem. Portanto, nosso terceiro princípio de viver abundantemente é atividade em harmonia com o objetivo pelo qual fomos criados.

 

Nutrição

Quando Deus deu o Éden para que homens e mulheres vivessem, Ele também deu o que eles precisavam para viverem vidas abundantes. Seguindo à criação, homens e mulheres deveriam viver dos frutos e árvores no Jardim (Gn 2:16). Depois da Queda, eles também comeriam comidas do solo e plantas do campo (Gn 3:17, 18). Então, depois do Dilúvio, as pessoas estavam permitidas a comer animais (Gn 9:3). Apesar da permissão para comer uma variedade de alimentos, nós sabemos que uma dieta balanceada, com integrais, à base de plantas, com a suplementação de nutrientes essenciais como a vitamina B12 é a dieta mais saudável sempre que estiver disponível. O que Deus fez e planejou para o nosso uso não pode ser melhorado.

Infelizmente, a humanidade tem desejado comer o que não foi permitido ou planejado. No lugar dos integrais, nós criamos os refinados. No lugar das plantas, as pessoas muitas vezes preferem os animais. Como consequência nós sofremos, os animais sofrem e a natureza sofre. Quando nós fazemos o contrário do que nós fomos criados para fazer, do que os animais foram criados para fazer e do que a natureza foi criada para fazer, então a criação fica sujeita à dor e à morte. Embora a criação tenha se degenerado depois de milênios de pecado e os alimentos não sejam como eram no Jardim do Éden, nós ainda podemos nos esforçarmos para nos alimentarmos primariamente de alimentos para os quais Deus nos criou. Portanto, o nosso quarto princípio da vida abundante é nos nutrirmos com alimentos reais e não substitutos artificiais feitos pelo homem do que Deus nos dá por meio da natureza.

Quando nós permitimos que Deus seja o centro da nossa vida e recebemos o que Ele nos deu abundantemente, então nós podemos desfrutar da riqueza e das bênçãos de uma vida cuidadosamente e fielmente investida, e não gastar de forma imprudente o que não nos foi dado. 

 

 

 

Torben Bergland

Dr Torben Bergland est l’un des directeurs associés du Département des Ministères de la Santé de la Conférence Générale des adventistes du Septième Jour, le quartier général de l’Église Adventiste du Septième Jour.