Os Dez Mandamentos (Êx 20:1-17), conhecidos como lei moral, são critérios que Deus nos deu para avaliar nosso relacionamento com Ele e com os outros. Jesus os resumiu da seguinte forma: “’Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.’ Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: ‘Ame o seu próximo como você ama a si mesmo’” (Mt 22:37-39). Esses dois grandes mandamentos certamente não substituem aquele que Deus deu a Moisés no Monte Sinai, mas confirmam que a lei moral revela que a lei de Deus tem origem no Seu amor.
Ao dar os Dez Mandamentos a Moisés, Deus faz lembrar ao Seu povo que foi Ele quem os libertou do cativeiro egípcio. Ele é um Deus que cumpre Suas promessas, um Deus que nunca nos abandona. Quando guardamos a lei moral, demonstramos que entendemos que realmente existe um Deus que nos ama, que cuida de nós e que cumpre Suas promessas. Deus nos deu Sua lei como um meio de retribuirmos o Seu amor. É por isso que Jesus diz: “Se vocês me amam, guardarão os Meus mandamentos” (Jo 14:15).
Esses dois grandes mandamentos devem ser refletidos em cada decisão que tomamos, incluindo as que têm a ver com as nossas finanças. É interessante notar que o primeiro e o último dos Dez Mandamentos estão diretamente relacionados à gestão de nossos recursos financeiros. O primeiro mandamento é “Não tenha outros deuses diante de mim” e o último, “Não cobice”. Cada um desses dois mandamentos se enquadra respectivamente nos dois segmentos resumidos por Jesus.
Ame o seu Deus |
Ame os outros |
1. Não tenha outros deuses diante de mim. |
10. Não cobice. |
Ame o seu Deus: “Não tenha outros deuses diante de mim”
A distribuição que fazemos dos nossos recursos financeiros em nosso orçamento deve refletir o nosso amor a Deus. A Bíblia tem indicadores claros e precisos de como isso deve ser feito. Um exemplo desses indicadores é dado pelo profeta Malaquias. “Será que alguém pode roubar a Deus? Mas vocês estão Me roubando e ainda perguntam: ‘Em que Te roubamos?’ Nos dízimos e nas ofertas” (Ml 3:8). Os “dízimos e ofertas” são um princípio que Deus estabeleceu para o nosso próprio benefício. Faz-nos lembrar do amor de Deus por nós, que resultará, finalmente, em uma reciprocidade desse amor de nossa parte. Tal princípio também reconhece a soberania de Deus, o que nos impede de pensar que somos autossuficientes.
Mediante o sistema do dízimo, Deus quer que estejamos sempre cientes de Sua condição de proprietário para que não dependamos de nossas posses, criando, assim, “outros deuses” em nossa vida. Nosso dinheiro pode vir a ser um fator que passe a desempenhar um papel muito importante na criação desses outros deuses. Incluir o “amor de Deus” em nosso orçamento nos ajuda a resistir à tentação de criar outros deuses em substituição ao Deus verdadeiro.
Ame os outros: “Não cobice”
O apóstolo Pedro nos lembra que devemos seguir os passos de Jesus (1Pe 2:21). Um dos grandes exemplos que Jesus nos deixou é o altruísmo. O aspecto de “amar os outros” deve ser demonstrado ao elaborarmos o nosso orçamento. O apóstolo Paulo nos lembra da importância de ajudar os outros e de suprir suas necessidades. “Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” (Fp 2:4, NVI). No entanto, essa recomendação pode ser posta em risco pela cobiça.
Cobiçar algo é muitas vezes motivado pelo desejo de ter uma vida melhor. Embora possa ser apresentado como o direito que a pessoa tem de sonhar, a cobiça é como um vírus que pode nos atacar sutilmente. Por nutrir sentimentos de ciúme e inveja, ela pode arruinar relacionamentos. A pessoa cujas posses ou qualidades estão sendo cobiçadas por nós acaba sendo privada do nosso amor e amizade.
A cobiça significa o desejo de obter algo que não temos no presente. No entanto, uma vez que conseguimos aquilo que cobiçamos, há um ajuste à nova situação. Passa a haver, então, um novo sentimento de insatisfação, o qual nos leva a desejar outra coisa. Isso nos prende a um círculo vicioso que consiste em querer algo baseado no que os outros têm.
A cobiça nos leva a esbanjar nosso dinheiro para que possamos acompanhar todas as atualizações consideradas essenciais por nossa cultura consumista como, por exemplo, os mais recentes equipamentos e dispositivos eletrônicos, os carros mais modernos e as modas mais atuais. E essa lista certamente não é exaustiva. Não apenas negligenciamos o aspecto de “amar os outros” da lei de Deus, como também fabricamos “outros deuses”, rejeitando assim o aspecto de “amar o seu Deus” dos Dez Mandamentos.
Elaboração do orçamento
Ao preparar o nosso orçamento, é importante que nos façamos as seguintes perguntas:
- O orçamento demonstra nosso amor por Deus?
- Estamos dando a Deus o primeiro lugar em nosso orçamento?
- Temos um “outro deus” em nossa vida que intencionalmente incluímos em nosso orçamento?
- Estaria isso nos impedindo de passar tempo com Deus?
- Teria isso se tornado uma prioridade em nossa vida?
- O orçamento demonstra o nosso amor pelos outros?
- Estamos levando os outros em consideração ao elaborar o nosso orçamento?
- Seria isso algo que realmente precisamos, ou é resultado da cobiça?
A tabela abaixo pode nos ajudar a responder às perguntas acima ao prepararmos o nosso orçamento. Se quisermos que ele reflita o “amor de Deus” e o “amor pelos outros”, as colunas A e B nunca devem ficar em branco, enquanto as colunas C e D devem permanecer em branco.
A |
B |
C |
D |
Não pode ficar em branco |
Deve ficar em branco |
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Demonstra o nosso amor por Deus |
Demonstra o nosso amor pelos outros |
Isto está se tornando “outro deus” em minha vida |
Estou fazendo esses gastos por causa da minha cobiça |
Dízimos e ofertas |
Doações para pessoas ou fundos específicos |
Carro? |
Roupas? |
TV a cabo? |
Móveis? |
Deus nos deu Sua lei moral para que pudéssemos viver uma vida abundante. Quando governado pelos princípios derivados dos dois grandes mandamentos, nosso orçamento certamente refletirá a vontade de Deus na gestão de nossas finanças pessoais.
LEGENDAS
A distribuição que fazemos dos nossos recursos financeiros em nosso orçamento deve refletir o nosso amor a Deus
A pessoa cujas posses ou qualidades estão sendo cobiçadas por nós acaba sendo privada do nosso amor e amizade.
A LEI DE AMOR DE DEUS: PRINCÍPIO BÁSICO DA GESTÃO FINANCEIRA