MORDOMIA EM TEMPOS DE COVID-19: MALAWI
Moffat W. Botolo
Casos do novo coronavírus foram identificados e relatados pela primeira vez na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019. Não demorou para que o vírus começasse a se espalhar por todo o mundo. Em fevereiro de 2020, as complicações causadas pelo vírus passou a ser chamadas de Doença do Coronavírus 19 (Covid-19) pela Organização Mundial da Saúde. Em março de 2020, a África do Sul registrou o seu primeiro caso de coronavírus, trazido da Itália. A disseminação da doença pela África causou enormes preocupações por causa dos já frágeis sistemas de saúde do continente, que lutam contra uma doença infecciosa cronicamente alta.
Sem costa marítima, o Malawi é um país no Grande Vale do Rift africano, situado na margem ocidental do Lago Malawi. O país faz fronteira com a Tanzânia ao norte, com o Zâmbia a oeste e com Moçambique a leste, sul e oeste. O censo de 2018 estimou que o Malawi possui uma população de mais de 18 milhões de habitantes.
O Malawi registrou seu primeiro caso de Covid-19 em 2 de abril de 2020, oriundo da Índia. Nessa época, a resposta em nível nacional do Malawi incluia restrições a reuniões públicas e a visitantes que entram pelas fronteiras, higiene das mãos obrigatória nas passagens de fronteira e o fechamento de escolas. A implementação de medidas de confinamento em virtude do Covid-19 no Malawi enfrentou resistência, com manifestações em todo o país e um mandado judicial que o interrompeu, pois o plano alegadamente não estava claro nem tinha o envolvimento e o apoio público. Os casos de Covid-19 aumentaram drasticamente no Malawi de junho a agosto 2020, agravados pela situação política, bem como pela falta de preparo para minimizar o impacto da pandemia no sistema econômico do país e na sobrevivência humana.
Impacto na Associação União do Malawi
Existem três associações na Associação União do Malawi – uma no Norte, outra no Centro e mais uma no Sul. Em abril de 2021, o número de membros da União era de 627.000. Devido às restrições do governo às reuniões públicas, os cultos de sábado ficaram limitados a 100 participantes. Essas restrições afetaram a adoração no sábado, bem como a devolução dos dízimos e ofertas. Por causa do confinamento parcial, alguns membros da igreja perderam seus empregos ou tiveram seus salários cortados pela metade. Os que trabalhavam como professores em escolas privadas foram severamente afetados uma vez que todas as escolas ficaram fechadas por nove meses. Eles deixaram de receber seus salários visto que as mensalidades dos alunos eram sua única fonte de renda.
Alguns dos membros da nossa igreja perderam seus negócios, suas renda e bens. As pequenas empresas foram muito afetadas. Um sentimento negativo quanto à mordomia se espalhou entre os membros da igreja. A Covid-19 continua a impactar negativamente o nosso modo de vida. Vidas preciosas foram perdidas. Por exemplo, em uma das igrejas locais da Associação Central do Malaui, perdemos quatro anciãos em um período de seis semanas. Como União, porém, vimos Deus cumprindo Sua promessa de que “Quando você passar pelas águas, eu estarei com você; quando passar pelos rios, eles não o submergirão; quando passar pelo fogo, você não se queimará; as chamas não o atingirão” (Is 43:2). De fato, não fomos atingidos pelo fogo econômico trazido pela onda de Covid-19. Deus continuou sendo o nosso Provedor e Sustentador durante esses tempos difíceis.
Nosso Padrão de Doações
Uma comparação entre o período de janeiro a março de 2020 (antes do Covid-19) e o de janeiro a março de 2021 (durante o Covid-19) mostra que a Associação União do Malawi tinha 610.622 membros, sendo que 70.996 membros devolveram o dízimo (MK 1.038.137.000) no primeiro trimestre de 2020, representando 11,62% dos membros; e 76.863 membros devolveram o dízimo (MK 1.120.024.324) durante o mesmo período, o que corresponde a 12,53% dos membros. Embora o impacto do Covid-19 tenha sido alto, percebemos um aumento tanto nos dízimos quanto no número de doadores. As ofertas do primeiro trimestre de 2020 foram de MK 150.147.907 e de MK 130.141.179 durante o mesmo período de 2021.
Várias ações e iniciativas contribuíram para um aumento na participação dos membros na devolução do dízimo durante a pandemia do Covid-19:
1. Promoção do culto familiar e do o recolhimento dos dízimos e das ofertas em nível familiar, os quais, por sua vez, eram transferidos para os tesoureiros dos grupos e das igrejas (providências foram tomadas para eleger grupos e tesoureiros).
2. Quando possível, os membros eram divididos em grupos menores nas imediações, os quais eram incentivados a animarem uns aos outros na devolução de dízimos e ofertas.
3. Todas as regiões dentro da Associação União do Malawi foram visitadas por diretores de mordomia das Associações, lembrando os pastores e membros da igreja da importância de serem fiéis mesmo na pandemia do Covid-19 e de enfatizar que a fidelidade não é limitada por circunstâncias nem por pandemias. A ênfase foi: este é o momento de sermos mais fiéis do que nunca, visto que a pandemia nos lembra que estamos nos aproximando do nosso lar celestial.
4. Nos distritos, os tesoureiros da igreja foram incentivados a formar grupos de WhatsApp em nível distrital e a fazer dos tesoureiros distritais e anciãos os administradores dos grupos. Os tesoureiros distritais e os primeiros anciãos foram aconselhados a enviar lembretes aos tesoureiros da igreja uma semana antes da data estipulada para eles apresentarem os relatórios.
5. Todos os tesoureiros da igreja foram instruídos a estarem presentes na igreja das duas às quatro da tarde de cada sábado para receberem os dízimos e as ofertas e fornecerem os respectivos recibos.
6. Visitas online, telefonemas e mensagens foram usados para animar os membros da igreja local e para orar com eles. Isso foi feito pelos pastores, anciãos, diretores de mordomia e outros líderes de cada igreja. O primeiro e mais importante aspecto das visitas online era monitorar a saúde dos membros da igreja. Só depois é que os líderes apresentavam mensagens espirituais e oravam. O envolvimento da liderança da igreja local tem contribuído muito para o sucesso da promoção da mordomia na Associação União do Malawi. A maior parte da liderança da igreja local expressou o seu interesse e entusiasmo por estar envolvida.
7. Cultos de adoração pelo Zoom e pelo Facebook: os pastores e anciãos das igrejas locais ensinavam e pregavam desde o púlpito da igreja, falando aos membros em suas casas. Os membros eram incentivados a se reunirem em casa com suas famílias no horário em que normalmente estariam na Igreja. Eles participavam do culto em família cantando e realizando algumas atividades sabáticas abordadas nos cultos virtuais.
8. Foi configurada a arrecadação de dízimos e ofertas mediante a utilização de serviços bancários móveis. A liderança da associação local ofereceu várias opções para os membros planejarem como devolver seus dízimos e ofertas. Existem duas opções de provedores de serviços financeiros móveis. Cada associação da Associação União do Malawi tem nada menos que duas contas bancárias para diferentes provedores de serviços bancários. Dessa maneira, ficou mais fácil para os membros escolherem um serviço de acordo com suas preferências bancárias.
9. Os líderes das associações e da igreja local relatam às igrejas o que e como a igreja está fazendo na área de mordomia a cada mês e a cada trimestre.
10. Os líderes das associações da conferência criaram e passaram a administrar um grupo de WhatsApp para anciãos da igreja local e líderes de mordomia a fim de compartilhar informações relativas à mordomia. As cidades que pertencem a cada associação têm os seus próprios grupos de WhatsApp nos quais se discute questões relativas à administração e outros assuntos durante a pandemia do Covid-19.
11. O elemento mais importante era – e ainda é – manter contato com os membros o tempo todo por meio dos métodos mencionados acima. É importante manter contato com os membros da igreja para que haja um vibrante programa de mordomia na igreja local.
12. O Departamento de Ministérios de Mordomia da Associação União do Malawi aproveitou a Hope Channel e a Adventist Hope Radio para transmitir aulas de mordomia todas as sextas-feiras às 16:00, com repetição na segunda-feira às 16:00.
13. Acima de tudo, foi pela graça de Deus que as nossas doações não foram seriamente afetadas pela pandemia. Alguns pastores e membros da igreja local na Associação União do Malawi testaram positivo para Covid-19, mas louvamos ao Senhor por minimizar o impacto geral. Além disso, somos gratos a todos os membros da igreja por sua resiliência e fidelidade em um momento tão difícil. Oramos para que o Senhor os abençoe e continue a mantê-los seguros. Também oramos em favor de um programa de mordomia contínuo e robusto que possa apoiar o ministério do evangelho na Associação União do Malawi e em outras partes do mundo.
[1] World Health Organization. “Naming the Coronavirus Disease (COVID-19) and the Virus That Causes It”. WHO.int. Acesso em: 8 Jul 2021.
[2] National Institute for Communicable Disease. “First Case of COVID-19 Coronavirus Reported in SA”. nicdicd.ac.za. https://www.nicd.ac.za/first-case-of-covid-19-coronavirus-reported-in-sa/#:~:text=FIRST%20CASE%20OF%20COVID%2D19%20CORONAVIRUS%20REPORTED%20IN%20SA,-5%20March%20%2C%202020&text=The%20patient%20is%20a%2038,Africa%20on%20March%201%2C%202020.Acessoem: 8 jul 2021.
[3] Mehtar, Shahreen, et al. “Limiting the Spread of COVID-19 in Africa: One Size Mitigation Strategies Do Not Fit All Countries”. Thelancet.com https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(20)30212-6/fulltext. Acesso em: 8 jul 2021.
[4] “Malawi: First COVID-19 Cases Confirmed April 2 /update 2”. GardaWorld. https://www.garda.com/crisis24/news-alerts/328736/malawi-first-covid-19-cases-confirmed-april-2-update-2. Acesso em: 8 jul 2021.
[5] Mzumara, Grace W. et al. “The Health Policy Response to COVID-19 in Malawi”. BMJ.com https://gh.bmj.com/content/6/5/e006035. Acesso em: 8 jul 2021.
[6] Kaunga, Steve Beloved. “How have Malawi’s Courts Affected the Country’s Epidemic Response?” London School of Economics. https://blogs.lse.ac.uk/africaatlse/2020/11/13/how-have-malawis-courts-law-affected-epidemic-response/. Acesseo em 8 jul 2021.