Quando conheci Nguerabaye, fiquei impressionado com os cortes rituais fortemente marcados em seu rosto, um lembrete de sua herança e vida anterior. Gotas de suor lubrificaram sua pele, endurecida pelo forte sol africano. Um pioneiro da Missão Global, Nguerabaye estava trabalhando em Moissala, uma cidade no sul do Chade. Ele tinha a missão de compartilhar com as pessoas desta cidade as boas notícias sobre um homem chamado Jesus que poderia lhes trazer paz, alegria e salvação.

Em condições difíceis e inoportunas, Nguerabaye—um homem casado com quatro filhos—estava plantando um novo grupo de crentes. Ele já havia levado quase 50 pessoas ao batismo. Entre aqueles novos crentes, conheci ex-prostitutas e alcoólatras que tinham encontrado uma nova vida através de Jesus. Nguerabaye me contou como ele e seu parceiro da Missão Global tinham sido tratados como se fossem animais. Confundidos com um grupo de ocultismo, nem sequer lhes era permitido comprar produtos no mercado. Mas eles continuavam orando.

Um rapaz na cidade tinha graves problemas de saúde mental e estava amarrado com correntes. Os dois pioneiros vieram e oraram por ele. Depois de três dias, ele voltou a si e pediu para ser libertado. "Não estou doente, estou curado", disse ele. Após sua recuperação completa, o povo de Moissala concluiu que os pioneiros eram mágicos.

Então, descobri que, por alguma falha no sistema, Nguerabaye não tinha recebido seu modesto salário por mais de 12 meses. Fiquei chocado. Os pioneiros da Missão Global se sacrificam bastante sem esse tipo de negligência. Mas em nenhum momento ele se queixou de sua situação.

Finalmente, perguntei como ele e sua família estavam sobrevivendo, e ele simplesmente disse: "É difícil”.

"Porque você continuou trabalhando?” E ele respondeu: "Quero libertar as pessoas da culpa, contando-lhes sobre o sangue de Jesus”.

Na manhã de sábado, centenas de habitantes da cidade se reuniram para ouvir o evangelho pregado. Nguerabaye, liderando desde a frente, era um pai orgulhoso olhando para seus novos filhos na fé.

Foi inspirador para mim conhecer Nguerabaye e vários outros pioneiros trabalhando nas linhas de frente missionárias no Chade. Mas eles não estavam lá por acidente. Eles estavam servindo por causa da forma como você e milhões de outros membros da igreja em todo o mundo têm dado com sacrifício ao longo dos anos.

Fora do comum

Quando voei pela primeira vez para N'djamena, capital do Chade, há mais de 20 anos, eu realmente não sabia o que esperar. Claro que eu sabia que o Chade era, de certa forma, um dos países "esquecidos" do mundo. As únicas pessoas que pareciam interessadas no país eram aquelas que exploravam suas ricas reservas de petróleo.

Amáveis líderes e membros da igreja me receberam como um membro da família há muito perdido. Os líderes me disseram que fui a primeira pessoa da Associação Geral a visitá-los. Não sei se isso era verdade, mas era fácil de acreditar. No meio da África, o Chade nem sempre é um destino de escala lógico; você tem que tomar uma decisão deliberada para ir lá. Aonde quer que eu fosse, as pessoas expressavam alegria por sua igreja não ter se esquecido delas.

Eu rapidamente vi que embora o Chade possa ter sido rico em recursos, o povo do país não estava se beneficiando. Tem uma das mais baixas rendas per capita do mundo, e a Igreja Adventista estava operando com poucos recursos. A Missão do Chade tinha um veículo antigo, e o secretário-tesoureiro nem sequer tinha uma bicicleta, mas a Igreja Adventista do Sétimo Dia estava viva e testemunhava. Eles tinham programas e projetos. Estavam alcançando a comunidade. As pessoas estavam encontrando esperança em Jesus. Havia um humilde escritório para a Missão do Chade, e havia igrejas, escolas e até um hospital. Em todo o país, havia quase 1.500 adventistas batizados, e uma grande equipe de pioneiros da Missão Global estava plantando novos grupos de crentes.

Como é que isso aconteceu? Eu sugeriria que foi através da obra do Espírito Santo e de membros fiéis da igreja em todo o mundo que vinham dando sistematicamente seus dízimos e ofertas ao longo dos anos, sem saber exatamente aonde cada dólar iria parar. Acho que é justo dizer que o Chade ainda não aparece no radar da igreja mundial, e o adventista do sétimo dia médio provavelmente não dá muita atenção ao Chade ou à igreja lá. Muitos teriam dificuldade em encontrá-lo num mapa do mundo. No entanto, graças ao sistema de dízimos e ofertas da Igreja Adventista, a missão no Chade foi financiada por fiéis membros da igreja que não sabem nada sobre a missão no Chade!

Através de nossa doação, estamos ajudando a igreja a crescer não só localmente, mas também em áreas que podemos não ter ouvido falar. Estamos ajudando missionários que podemos nunca conhecer. Estamos construindo escolas e clínicas que provavelmente nunca visitaremos. Estamos ajudando a plantar igrejas onde podemos nunca adorar. Estamos trazendo vida à missão da igreja.

Rodas barulhentas e um rio de missão

Depois daquela primeira visita, comecei a pensar na velha expressão "a roda que range pega a graxa”. Traduzido grosseiramente, significa que quem faz mais barulho recebe mais fundos. Hoje na igreja algumas rodas rangem alto e com grande habilidade. E muitas vezes são as grandes organizações que têm as imagens mais interessantes, os vídeos mais convincentes, as histórias mais comoventes que recebem as grandes doações—"a graxa", por assim dizer.

Mas o que fazemos com essas partes do mundo e esses grupos de pessoas que não podem ou não "rangem"? Aqueles que não têm como compartilhar imagens e histórias emocionantes conosco? O que fazemos? Apenas os ignoramos?

Uma das belezas da Igreja Adventista do sistema regular e sistemático de dízimos e ofertas, o que o Ministério de Mordomia chama de "Promessa", é que os fundos são agrupados juntos para se certificar de que a igreja também se preocupa com áreas do mundo, como o Chade, que pode não parecer muito "glamoroso" ou ter a visibilidade de outras áreas. É como se estivéssemos adicionando água que dá vida a um rio missionário que flui por terras áridas ao redor do mundo. Estamos garantindo que as rodas que não conseguem ranger recebam atenção.

Cada vez que devolvemos nossos dízimos e damos ofertas missionárias, estamos ajudando a apoiar escolas, hospitais, editoras, divulgação de mídia, publicação, plantação de igrejas e muito mais. Estamos ajudando a igreja a se manter viva em áreas onde muitos membros ganham menos de um dólar por dia. Estamos garantindo que as rodas que não conseguem ranger também recebam um pouco de graxa.

Um Compromisso Mundial

A Igreja Adventista do Sétimo Dia encontra sua força na missão. Ao longo dos anos, os adventistas do sétimo dia têm generosamente apoiado a missão através de seus dízimos e ofertas missionárias, porque eles acreditaram na Comissão do Evangelho. Eles acreditam que somos chamados para ajudar os menos afortunados, os pobres, os doentes e aqueles que não sabem sobre Jesus.

Há décadas, os adventistas têm falado ansiosamente em "terminar a obra". Mas o declínio das ofertas missionárias impede que a igreja inicie novos trabalhos em novas áreas, reduz o número de missionários e restringe nossa missão.

             Nos últimos anos, milhões de pessoas de áreas desafiadoras do mundo encontraram salvação em Jesus e se juntaram à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Milhares de novas congregações foram estabelecidas em novas áreas. Como são nutridos esses novos crentes? Como eles recebem recursos, materiais e programas para fortalecer sua nova fé? Como recebem assistência pastoral contínua?

As ofertas missionárias que dão vida, dadas de forma regular e sistemática, ajudam a sustentar e desenvolver novos trabalhos em todo o mundo. E é para isso que a igreja serve!

Os missionários brasileiros Delmar e Natieli Reis (na foto acima, com a bebê Clara) estão servindo na Albânia e administrando um centro urbano de influência, porque você doa.

Os missionários americanos Ryan e Sharlene Hayton (na foto acima, com os filhos Benson, Hudson e Jeff) estão servindo no Hospital Malamulo, no Malawi, porque você doa.

Muitos adventistas generosamente doam para projetos missionários específicos (como projetos de Missão Global no Chade) além de sua doação regular e sistemática. Mas é a doação regular e sistemática que fornece a base e a estrutura para estes projetos florescerem.

 

 

Gary Krause

Gary Krause é um secretário associado da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Silver Spring, Maryland. Ele atua como Diretor da Missão Adventista que supervisiona os Centros de Estudo da Missão Global, o plantio de igrejas e a promoção missionária.