Vivendo Juntos e em União nas Finanças
Era uma casa deslumbrante, confirmando o perfil do imóvel mostrado na internet. Com os seus cinco quartos, ampla sala de jogos, piscina e cozinha enormes, era a casa perfeita para o que precisávamos!
Mas não me interprete mal. Não estávamos pensando apenas em nós mesmos. Minha esposa, Marilyn, e eu estávamos casados fazia apenas alguns anos e não tínhamos filhos. Por isso, não precisávamos de uma casa tão grande apenas para nós. Na verdade, estávamos pensando na nova igreja que tínhamos plantado no campus universitário do bairro vizinho e em todas as atividades recreativas e encontros sociais que queríamos organizar ali para os estudantes. Eu estava até pensando na possibilidade de convidar estudantes universitários para morarem conosco na casa.
O problema era o preço. Embora não fosse exorbitantemente alto, estava um pouco além das nossas possibilidades. No entanto, raciocinei que se direcionássemos todo o salário que a minha esposa ganhava no Departamento da Receita Federal Australiana para pagar o empréstimo, poderíamos dar um jeito.
Estávamos prontos para ir até a imobiliária fazer uma oferta levando todas as planilhas de cálculo para respaldar nossa decisão. De repente, tive um lampejo de esclarecimento financeiro que mudou tudo. Não fazia muito, meus pais tinham me dito:
"A chave para ter paz financeira como casal é garantir que você possa pagar o financiamento da casa apenas com o seu salário. Mesmo que sua esposa tenha um bom emprego, use o salário dela apenas para fazer pagamentos extras do empréstimo. Não dependa do salário dela para pagar as mensalidades regulares exigidas pelo banco, pois vocês podem decidir ter filhos e ela queira ficar em casa para cuidar deles por um tempo".
De repente, lembrei-me do que eles me disseram, o que significava que eu tinha que retirar todo o salário dela da equação e deixar apenas o meu salário na planilha de pagamentos do empréstimo. Obviamente, isso significava que agora o preço daquela casa maravilhosa estava cerca de 60% acima do que podíamos pagar. Relutantes, tivemos que colocar de lado a opção dessa casa deslumbrante e procurar uma casa menor. No final, porém, Deus providenciou uma linda casinha onde construímos muitas e ótimas lembranças do nosso ministério entre os universitários e onde os nossos dois filhos se juntaram à nossa família.
Com esta história, aprendi que é muito importante ouvir os pais e aprender com a experiência e sabedoria deles. Fomos poupados de cometer um grande erro imobiliário e de, possivelmente, termos que passar por dificuldades financeiras como casal por muitos anos. Foi uma lição que recordo com muita gratidão.
No início do século XVII, o poeta inglês John Donne escreveu a famosa frase: "Nenhum homem é uma ilha", o que é uma grande verdade. Também é verdade que ninguém é uma ilha financeira. Não podemos sobreviver tomando decisões individuais sozinhos. Precisamos buscar a sabedoria dos nossos pais, irmãos, cônjuge e até dos mesmo nossos filhos quando estamos por tomar decisões financeiras. É isso que a Bíblia ensina.
A sabedoria de Salomão
O rei Salomão pediu sabedoria a Deus, e podemos ver essa sabedoria divina em seus provérbios. Ele disse: “Não havendo direção sábia, o povo fracassa; com muitos conselheiros, há segurança” (Pv 11:14).
Isso também se aplica a buscar aconselhamento financeiro nos membros da família.
Honrando os pais também nas finanças
Todos conhecemos muito bem o quinto mandamento: “Honre o seu pai e a sua mãe, para que você tenha uma longa vida na terra que o Senhor, seu Deus, lhe dá” (Êx 20:12).
De fato, observe que este mandamento está diretamente relacionado a uma promessa relacionada a imóveis na Terra Prometida! Embora precisemos honrar nossos pais no que diz respeito aos valores morais, também precisamos honrá-los financeiramente, buscando o conselho financeiro deles.
Submissão financeira ao cônjuge
Um pouco antes de alguns excelentes conselhos sobre o casamento na Bíblia, Paulo declara:
“Sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5:21).
Naturalmente, isso está baseado na visão bíblica sobre o casamento, o que é encontrado em Gênesis:
“Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2:24).
Tornar-se uma só carne significa mais do que apenas intimidade sexual. Tornar-se ima só carne retrata a imagem de um marido e uma esposa passando por um processo de união, o que significa se tornarem unidos fisicamente, emocionalmente, socialmente e também financeiramente. Comunicação e consultas são dois dos aspectos mais importantes desse processo de união. Significa se tornarem íntimos e vulneráveis um com o outro. O processo de união não pode ocorrer se você não estiver compartilhando abertamente todas as áreas importantes da sua vida, e isso inclui estar aberto e consultar um ao outro sobre as finanças da família.
O que você me diz sobre...
Eu sei que você pode já ter algumas perguntas inquietantes em mente:
Pergunta 1: E se os meus pais, meu cônjuge ou alguns membros da família souberem muito pouco sobre administração de dinheiro? Você estaria sugerindo que, mesmo assim, eu deveria consultá-los sobre questões financeiras?
Talvez os seus pais sempre tenham estado endividados e nunca conseguiram se libertar das armadilhas financeiras. Talvez o seu cônjuge gaste dinheiro descuidadamente e nunca tenha conseguido desenvolver o hábito de economizar.
É importante lembrar que o Rei Salomão disse, especificamente, que era importante ouvir muitos conselheiros. Ele não disse que você deve ouvir todos, qualquer pessoa, em questões financeiras! Você precisa ser criterioso ao buscar aconselhamento. Observe pessoas que têm sido eficazes na gestão de suas finanças, incluindo os seus familiares, e escolha ouvir as pessoas que aplicaram com sucesso a sabedoria bíblica na área financeira.
Pergunta 2: Estaria você dizendo que eu devo buscar me aconselhar com os membros da família que são ricos?
Não. Isso não significa que você deve consultar apenas pessoas ricas. Às vezes, as pessoas podem ter se tornado ricas através de decisões arriscadas e imprudentes em termos de investimento. Pode ser tentador seguir o conselho delas, mas tal conselho pode levá-lo por caminhos financeiros e de investimento dos quais você, mais tarde, poderá se arrepender.
Lembro-me claramente de uma empolgante ligação que recebi de um grande amigo. Ele me convidava para investir em uma start-up especulativa. Admito que era uma oferta muito atraente porque eu tinha conhecimento de que ele tinha ficado muito rico com outros investimentos desse tipo. No entanto, minha esposa e meus pais me aconselharam a não buscar o sucesso financeiro com essa oferta de alto risco. Mais tarde, descobri que meu amigo havia perdido toda a sua riqueza de vários milhões de dólares e, por pouco, não perdeu sua casa. Agora, ele vive com muito cuidado, apenas para pagar suas contas.
É mais importante desenvolver hábitos de gerenciamento financeiro baseados em princípios bíblicos de fidelidade e generosidade. Portanto, procure familiares que tenham sabedoria espiritual, bem como sucesso financeiro. Eles podem não ser super ricos, mas no final das contas, Deus abençoa as pessoas que são fiéis aos Seus princípios.
Pergunta 3: Se eu consultar minha família em questões financeiras, isso não significaria que eu deixo de ter total liberdade e controle sobre minhas finanças? Isso não se aplica especialmente ao meu cônjuge?
Todos nós gostamos de sentir que temos o controle de nossa vida e de nossas finanças. No entanto, Jesus nos convida a permitir que Ele seja o Senhor de tudo em nossa vida. Quando nos submetemos a Ele como Senhor, experimentamos uma liberdade e paz que você não pode experimentar tentando controlar suas finanças.
Quando Jesus é o Senhor de nossa vida e nossas finanças, Seu plano é que vivamos em unidade e harmonia uns com os outros. Isso inclui nos submetermos mutuamente na área financeira. Como disse o Rei Davi:
“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Sl 133:1).
Há uma bênção maior em viver unidos do que em ser independente e ter o controle de tudo. Isso se aplica também a estar unido ao seu cônjuge nas questões financeiras.
Interdependência financeira na família
Quando Paulo estava descrevendo a forma como os dons espirituais funcionam na igreja, ele usou a analogia do corpo. Com senso de humor, ele disse que o olho não poderia dizer que não precisava da mão, e a cabeça, que não precisava do pé. Semelhantemente, precisamos reconhecer que precisamos uns dos outros como família. Deus abençoará nossas famílias à medida que nos ouvirmos e nos submetermos uns aos outros, sob a direção de Jesus Cristo, na área financeira.