Entrando no Casamento: Aprendendo a Lidar com as Finanças Juntos
O casamento é comparável à construção de um arranha-céu para a eternidade, o qual deverá ser sustentado ao longo desta vida e da vida por vir. Considerando o que está em jogo, estas palavras de Jesus merecem atenção: "Pois qual de vocês, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” (Lc 14:28). Assim é com a formação de um casal, que leva à constituição de uma família por meio da parentalidade.
O dinheiro, a falta dele ou a maneira de administrá-lo como casal ou como família é um fator do tipo “ou vai ou racha". Em realidade, o dinheiro está entre os aspectos mais críticos da vida do casal. Se não for gerenciado adequadamente, ele poderá causar frequentes conflitos, problemas e estresse. Portanto, é de extrema importância preparar os futuros casais para aprenderem a unir recursos para uma gestão sólida das finanças após o casamento.
Este artigo tem como objetivo equipar os futuros casais com as ferramentas necessárias para lidar com as questões financeiras da futura vida juntos, tornando-a um sucesso deste lado e do outro lado da eternidade.
Conflitos Potenciais
O conflito é inerente aos casais. São duas personalidades diferentes com diferentes formações educacionais e familiares que planejam viver e alcançar objetivos juntos. Aqui estão alguns cenários que descrevem os conflitos potenciais que podem surgir se os noivos não discutirem e decidirem juntos como vão administrar suas finanças após o casamento.
• Ambos são perdulários e gastam rapidamente. O casal corre o risco de ficar rapidamente sem dinheiro durante o mês, o que levará a uma situação estressante de acusações mútuas ao se depararem com uma necessidade financeira imediata ou uma emergência. Isso inevitavelmente resultará em atribuir a culpa ao outro, que supostamente teria desperdiçado o dinheiro em coisas fúteis.
• Um é econômico e o outro, extravagante e gastador. O cônjuge parcimonioso corre o risco de se afastar do outro se achar que a gestão das finanças familiares deste é arriscada para o casal. Essa situação conflitante pode resultar em um cenário em que um dos cônjuges deseja gerenciar rendas do casal, o que, por sua vez, leva a conflitos mais complicados ao terem que tomar decisões sobre certas despesas comuns dentro de prazos específicos de pagamento. Um exemplo seria a compra de passagens de avião para as férias quando o parceiro perdulário encarregado dessa despesa não tem os fundos necessários devido a gastos excessivos em outros itens.
• Ambos cônjuges são econômicos. À primeira vista, essa situação pode parecer sem nenhum problema e até mesmo ser considerada como ideal para a vida de um casal feliz – mas pode não ser o caso. De tão econômico, um dos cônjuges pode chegar ao ponto de se tornar avarento, mesquinho, sovina e tacanho. Nessas condições, até as despesas mais pequenas do outro podem ser vistas como excessivas. É quando ocorrem as repreensões, e a vida pode se tornar insuportável para o conjuge que possui o verdadeiro senso de economia.
Os cenários acima e os riscos associados a eles costumam ser potencializados por outras duas situações. Na primeira delas, o parceiro que é perdulário, gastador e extravagante fica desempregado. Nesse cenário, se a gestão das finanças for confiada ao parceiro desempregado, o parceiro que está empregado logo desejará e tentará administrar o próprio dinheiro. O outro se sentirá frustrado e excluído, e o clima do relacionamento eventualmente sofrerá. Em casos assim, algumas formas de violência doméstica podem ocorrer.
Outra realidade possível que se insinua sem que se note ocorre quando o dinheiro se torna o objetivo final do casal. Isso precipita uma corrida em direção ao dinheiro. O lema do casal passa a ser "Ganhemos dinheiro a todo custo". Para alcançar esse fim, o dinheiro fácil se torna uma tentação real para o casal. Assim, muitos casais ou parceiros se entregam ao jogo, cassinos, apostas e coisas do tipo. Alguns podem ganhar (em geral, apenas temporariamente), mas a maioria perde. Muitos casais ou parceiros foram à ruína ou levaram suas famílias à falência.
Outra maneira de ganhar dinheiro a todo custo é procurar trabalhar mais para aumentar a receita do casal, como conseguindo um segundo emprego, trabalhando durante a noite, ou mesmo trabalhando em serviços domésticos. (Não confundir com "home office", a nova tendência de negócios). Esses serviços domésticos muitas vezes consistem em atividades como passar roupas, limpar escritórios, cuidar de crianças, etc. A curto prazo, o trabalho excessivo em horas extras ou em empregos adicionais pode ajudar a obter maior conforto financeiro ou prestígio social para a família. No entanto, a longo prazo, a família inteira pode acabar sofrendo com isso (veja o quadro de texto).
Consequências do Excesso de Horas Extras (quadro de texto)
• O cônjuge sofre cada vez mais com a ausência do esposo/esposa.
• O casal tem cada vez menos tempo para estar juntos
• Os filhos pequenos sofrem com a ausência dos pais
• Toda a família sofre com cansaço e estresse
• O tempo de férias em família, vital para a revitalização familiar, é drasticamente reduzido ou comprometido
• Tensões surgem, colocando em risco o bem-estar do casal e de toda a família, podendo levar à violência doméstica causada por problemas financeiros (Veja a tabela).
Devidos a Deus |
Inevitáveis e incompressíveis |
Indispensáveis, mas compressíveis |
Qualidade de vida |
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Definição |
A porção da nossa renda que pertence a Deus e que damos para adorá-Lo |
Esses gastos são críticos e compreendem os itens sobre os quais o casal não tem influência. |
Itens sobre os quais o casal pode ter influência, mudando seu comportamento. Esse treinamento e compreensão são aprendidos antes de entrarem no casamento. |
A qualidade de vida após o casamento é essencial para a sustentação da relação. É preciso saber que existem custos relacionados a isso. |
Exemplos |
Dízimos Ofertas |
Despesas da casa: aluguel, seguros Outras contas: taxas, IPTU, empréstimos, transportes, etc. |
Alimentação e vestuário Despesas da casa: aquecimento central, água, energia elétrica, telefone, manutenção. Carro: gasolina, manutenção, seguro, IPVA. Saúde: consultas médicas, farmácia, tratamentos de saúde |
Lazer: feriados, pequenas viagens, aniversários, comemorações, música, esportes, livros. Diversos: poupança, presentes, dinheiro de bolso. |
Formas e Meios de Administrar as Finanças do Casal
As finanças constituem uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. Portanto, é imperativo que o casal seja orientado para discutir esse aspecto crítico da futura vida conjugal e que ambos estejam de acordo sobre como lidar com suas finanças juntos. Os futuros cônjuges podem adotar algumas opções para administrar seus recursos financeiros.
Opção 1
Cada cônjuge gerencia suas receitas independentemente do outro, mas, ao mesmo tempo, assume parte das despesas comuns relacionadas ao funcionamento da casa. Por exemplo, o marido fica responsável pelo aluguel e despesas com o carro, enquanto a esposa assume os gastos com comida, as contas de luz, contas de serviços públicos, etc.
Opção 2
Aprender juntos a estabelecer um orçamento familiar que leve em consideração a renda de cada um dos cônjuges, as despesas prioritárias da futura casa e os projetos conjuntos que desejam realizar. As rendas devem ser classificadas em rendas garantidas e rendas sazonais/ocasionais. Por exemplo, o salário seria tratado como renda garantida. Os outros tipos de renda podem consistir em alocações ocasionais, horas extras de trabalho, juros de investimentos financeiros, presentes de aniversário, doações dos pais e dos sogros, etc. Também é útil classificar as despesas em categorias (veja a tabela). Além disso, o casal decide a porcentagem da sua renda mensal total a ser alocada para circunstâncias imprevistas. Como todo casal sabe – ou logo descobrirá –, essas circunstâncias surgem quando menos se espera. A fase de preparação para o casamento é importante para este exemplo. A Opção 2 parece mais equitativa e menos problemática do que a Opção 1.
Administrando as Despesas Anuais
Aprender a planejar as despesas anuais faz parte da preparação para o casamento, pois esse planejamento dará sustentabilidade ao casal após as bodas. Certas despesas, como seguros, impostos, etc., ocorrem anualmente. A melhor abordagem é fazer uma reserva a cada mês; caso contrário, o casal corre o risco de ter que fazer empréstimos para quitar essas contas anuais. Fazer empréstimos deve ser o último recurso para o novo casal. Pegar dinheiro emprestado implica em pagar de volta, o que coloca um estresse adicional nas finanças do casal e pode levar a alguma forma de violência doméstica financeira.
O casal pode aprender a adotar esse mesmo princípio para despesas trimestrais e taxas semestrais tais como imposto de renda ou contas de telefone ou eletricidade, dependendo do país ou estado em que o casal vive.
Violência Doméstica Econômica (em um quadro de texto)
• Proibir o parceiro (mais comumente o cônjuge) de trabalhar ou de manter um emprego contínuo.
• Qualquer forma de "trabalho forçado" dentro do casamento.
• Confisco dos salários do cônjuge.
• Retenção do poder de decisão nas mãos de apenas um dos parceiros, no que diz respeito aos recursos financeiros do casal.
• Forçar o parceiro a assinar contratos de empréstimo como meio de pegar dinheiro emprestado.
Recomendações
É um prazer fazer estas recomendações aos futuros casais e àqueles que estão ministrando a eles ao fazerem a transição para essa nova fase da vida:
• Poupar para quando for preciso. Recomendamos fortemente que os casais adotem o princípio de reservar parte do seu orçamento para manter poupança, por menor que seja, para qualquer necessidade futura. É aconselhável colocar essas economias em uma conta bancária. Os casais também devem guardar qualquer renda imprevista ou excepcional para eventos inesperados.
• Abrir uma conta bancária conjunta. É recomendável que o casal abra uma conta bancária uma conta conjunta. Isso facilitará a gestão de suas economias. Uma conta conjunta é evidência da confiança desejada no parceiro.
• Aprender a administrar as finanças. É altamente recomendável que o casal que está começando a vida de casados aprenda a gerenciar suas finanças juntos.
• Conhecimento sobre Violência Econômica. É recomendável que o pastor/ancião que esteja orientando o novo casal na fase pré-nupcial também discuta os riscos da violência econômica dentro do casamento, caso eles não consigam administrar suas finanças adequadamente.
O sucesso no gerenciamento financeiro da renda do futuro casal inevitavelmente contribuirá para o sucesso no casamento. O sentimento de alcançar o sucesso financeiro juntos leva ao sucesso e à felicidade geral do casal e, em última instância, da família.
E colherão o que for semeado!
Nichole e Eddy Seenyen
9 de agosto de 2023